terça-feira, maio 29

John Wesley e a “extravagância” do Espírito


Em seu diário, John Wesley comenta sobre certas manifestações espirituais que acompanharam seu ministério. As seguintes palavras foram escritas no mes de novembro de 1759, na cidade de Everton, Inglaterra, onde o avivamento metodista foi acompanhado por fenômenos como visões, gritos, convulsões, quedas e “transes” no Espírito:
John Wesley
O perigo era atribuir demasiado valor às circunstâncias extraordinárias tais como gritos, convulsões, visões e transes,1 como se estas coisas fossem essenciais na obra de transformação interior, de tal forma que tal obra não pudesse acontecer sem tais manifestações. Talvez o perigo esteja em atribuir-lhes muito pouco valor, em condená-las de forma generalizada, em pensar que nelas não havia nada de Deus e vê-las como um obstáculo na concretização de Sua obra.
A verdade é que Deus, de forma repentina e profunda, convenceu a muitos de que eles estavam perdidos em seus pecados. A consequência natural de tal convicção era gritos repentinos e fortes convulsões. Para fortalecer e encorajar aqueles que creram, e para tornar sua obra ainda mais aparente, ele concedeu sonhos divinos a alguns, transes e visões a outros.
Em alguns casos, com o passar do tempo, a carne se misturava à graça. Igualmente, Satanás falsificou estas manifestações de Deus para desacreditar a obra como um todo; mesmo assim, não é sábio desqualificar este aspecto do ministério do mesmo modo como não podemos desqualificar o ministério como um todo.
Sem dúvida nenhuma, no começo tais manifestações eram totalmente de Deus. Em parte, até hoje continuam sendo, e Ele nos dará discernimento, de caso em caso, para saber até que ponto tal obra é pura e em que ponto ela se contamina e se degenera.

Extraído do Diário de John Wesley, p. 255. Traduzido por @paoevinho.
NOTA DO TRADUTOR
[1] Transe, do inglês “trance“, era como Wesley chamava o fenômeno em que as pessoas perdiam seus sentidos, caiam, eram arrebatadas em espírito e tinham visões do mundo espiritual (p. 251).

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