sexta-feira, março 23

Spurgeon e a teologia da prosperidade no século XIX



Nada há de mais perigoso para um homem do que prosperar neste mundo, e tornar-se rico e respeitável. Naturalmente, nós o desejamos, lutamos por isso; mas quantos que, ao ganhar, têm perdido tudo, quando à riqueza espiritual! Antes, o homem amava o povo de Deus, e agora diz: "São uma classe vulgar de pessoas." Conquanto pudesse ouvir o Evangelho, ele não se importava com a arquitetura do prédio da Igreja; mas agora que se tornou crítico de arte, precisa ter uma torre, arquitetura gótica, um púlpito de mármore, trajes sacerdotais, um belo jardim, e toda sorte de coisas bonitas. À medida que encheu o bolso, esvaziou o coração. Ficou longe da verdade e dos princípios ao prosperar quanto aos bens materiais. É um negócio ruim, que em certo tempo ele teria sido o primeiro a condenar. Não há nobreza nessa conduta; é covarde até o último grau.

     Deus nos salve dessa situação; mas muitas pessoas não são salvas dela. Sua religião não é matéria de princípios, mas matéria de interesses: não é a busca da verdade, mas uma ansiedade por alta sociedade, seja isso o que for; não é seu objetivo glorificar a Deus, mas obter maridos ricos para as filhas, não é a consciência que os guia, mas a esperança de poder convidar um nobre cavaleiro para jantar com eles, e poder comer na mansão dele depois. Não pense que é sarcasmo meu: falo com tristeza de coisas que deixam as pessoas envergonhadas. Ouço falar delas diariamente, embora não me afetem pessoalmente. 

Vivemos uma época de maldades disfarçadas sob a noção de respeitabilidade. Deus no envie homens do calibre de John Knox, ou, se preferir, do metal inquebrável de Elias; e se esses provarem ser muito duros e sérios podemos nos contentar com homens como Obadias.

É possível que estes sejam mais difíceis de produzir do que os Elias: mas com Deus, todas as coisas são possíveis.

Spurgeon

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